Bom, finalmente consigo sentar-me aqui outra vez a dar novidades, o mês de setembro foi de loucos porque entreguei a minha tese de doutoramento dia 30!!!
Sobre bebés, claro!..E com alguém que dá cartas nesta matéria...o Prof. Eduardo Sá.....Mais concretamente sobre a violência na gravidez e as consequências no desenvolvimento mental do bebé no primeiro ano......e que coisas tristes descobri!
Bom, mas não estamos aqui para falar disso...Hoje vou falar de algo que estou sempre a dizer aos pais dos bebés nas minhas consultas....o primeiro ano de vida é o de maior e mais rápido desenvolvimento cerebral....e nós Pais não podemos perder esse comboio!!!
Assim como todos nós nos esforçamos para dar a melhor alimentação aos nossos filhos, também nos devemos esforçar para que, o cérebro dele ele tenha, em particular, nos primeiros anos de vida todo o alimento necessário!....ao jeto de um..."porque vocês merecem!"
Falo de estimulação sensorial, afecto, brincadeira, colo, mimo, musica, línguas estrangeiras, ginástica.....
Trocando por miúdos....antigamente pensava-mos nos bebés, como seres que só dormiam, comiam, faziam xixi e có-có e ...mais nada!
Felizmente que a ciencia nos últimos 30 anos nos veio mostrar, que embora não falem, nem andem...e a visão de quem está de fora seja por vezes muito celestial e serena....lá por dentro nada podia ser tão diferente....o cérebro dos bebés etc... sempre em fogo de artificio, de tanta explosão de neurónios e sinápses que está a acontecer...e tudo isto porque!....está desejoso e ávido de conhecer o mundo! em particular de o conhecer a SI!
A saber:
As primeiras semanas
do terceiro trimestre de gravidez são um período de transição durante o qual o
córtex cerebral começa a assumir muitas funções anteriormente realizadas pelo
tronco cerebral mais primitivo. Por exemplo, reflexos tais como o respirar
fetal e as respostas a estímulos externos tornam-se mais regulares. O córtex cerebral
também é o responsável pela aprendizagem precoce, que inicia o seu
desenvolvimento por volta desta altura.
As habilidades
notáveis que os Bebés recém-nascidos evidenciam, vêm
confirmar o grau de desenvolvimento pré-natal do cérebro. Os Recém-nascidos reconhecem rostos humanos, e que os preferem a outros objetos, e
que podem até mesmo distinguir entre expressões felizes e tristes. Ao nascer,
um Bebé reconhece a voz da mãe e pode ser capaz de reconhecer os sons das
histórias que ela lhe contava, enquanto ele ainda estava no útero...
Por volta dos três
meses, o poder de reconhecimento de um bebé já melhorou drasticamente, o que
coincide com um crescimento significativo do hipocampo, a estrutura límbica
relacionada com a memória de reconhecimento. Os circuitos da linguagem nos
lobos frontais e temporais consolidam-se no primeiro ano, fortemente
influenciados pelo tipo e riqueza de linguagem a que o bebé nesta fase é
exposto.
O cérebro continua a
desenvolver-se a um ritmo impressionante durante todo o primeiro ano de vida.
Os cerebelo triplica de tamanho, o que parece estar relacionado com o rápido
desenvolvimento das habilidades motoras que ocorre durante este período.
No primeiro
ano de vida, esse desenvolvimento é mais rápido, mais extenso e por
consequência muito mais vulnerável às influências ambientais do que alguma vez
pudemos suspeitar. Sabemos que o ambiente pode afetar não só o número de
células cerebrais e o número de conexões entre elas, mas também a forma como
essas conexões são efetuadas.
Desde a conceção e até aos três anos de idade, o cérebro
de um Bebé sofre uma quantidade impressionante de alterações. Ao nascer, o cérebro
de um Bebé, tem mais ou menos a totalidade de neurónios que no futuro irá ter.
O seu tamanho passa para o dobro no primeiro ano, e aos três anos de idade irá
atingir cerca de 80 por cento do seu volume quando for adulto.
Para além
disto, e se calhar ainda mais relevante, é a velocidade com que as sinapses
entre neurónios se formam, que atinge a sua velocidade máxima durante estes
anos. Na verdade, o cérebro forma muitas mais sinapses do que aquelas que efetivamente
necessita: por volta dos dois, três anos de vida, o cérebro tem até duas vezes
mais sinapses do que irá ter na idade adulta. Estas conexões excedentes são
eliminadas gradualmente ao longo da infância e adolescência, por um processo
chamado poda.
O facto de o cérebro criar
mais sinapses do que aquelas que necessita tem resposta na
interacção de factores genéticos e ambientais no desenvolvimento cerebral. Este
excesso de sinapses produzidas pelo cérebro de um Bebé nos três primeiros anos
faz com que o cérebro nesta fase seja especialmente sensível aos estímulos
externos .
Os estádios iniciais de desenvolvimento
são fortemente influenciados por fatores genéticos, por exemplo, são os genes
que determinam os locais para onde os neurónios recém-formados vão migrar, e
têm também um importante papel na determinação da forma como eles irão interagir
entre si.Mas, embora os genes sejam responsáveis pela organização geral do cérebro,
pelas suas fundações, eles não são os responsáveis por todo o seus design, por
toda a sua construção.Na realidade os genes permitem que o cérebro se
sintonize com o seu meio-ambiente, e que ajuste a sua construção, dependendo
dos inputs que receber através dos seus sentidos. É essa entrada que estimula a
atividade neural.
O uso repetido reforça
uma sinapse. Sinapses que raramente forem usadas continuam fracas e são mais propensas a serem eliminadas pelo processo de
poda. A força das sinapses contribuem para a melhor conectividade e eficiência
das redes neuronais que suportam a aprendizagem, a memória e outras habilidades
cognitivas.
Ou seja, as experiências a que um Bebé está sujeito,
não só determinam o tipo de
inputs/informações que o seu cérebro recebe, mas também influenciam a forma
como o cérebro se vai arquitetando.