quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Estou de volta! e o Desenvolvimento cerebral dos Bebés !

Bom, finalmente consigo sentar-me aqui outra vez a dar novidades, o mês de setembro foi de loucos porque entreguei a minha tese de doutoramento dia 30!!!


Sobre bebés, claro!..E com alguém que dá cartas nesta matéria...o Prof. Eduardo Sá.....Mais concretamente sobre a violência na gravidez e as consequências no desenvolvimento mental do bebé no primeiro ano......e que coisas tristes descobri!

Bom, mas não estamos aqui para falar disso...Hoje vou falar de algo que estou sempre a dizer aos pais dos bebés nas minhas consultas....o primeiro ano de vida é o de maior e mais rápido desenvolvimento cerebral....e nós Pais não podemos perder esse comboio!!!





Assim como todos nós nos esforçamos para dar a melhor alimentação aos nossos filhos, também nos devemos esforçar para que, o cérebro dele ele tenha, em particular, nos primeiros anos de vida todo o alimento necessário!....ao jeto de um..."porque vocês merecem!"

Falo de estimulação sensorial, afecto, brincadeira, colo, mimo, musica, línguas estrangeiras, ginástica.....

Trocando por miúdos....antigamente pensava-mos nos bebés, como seres que só dormiam, comiam, faziam xixi e có-có e ...mais nada!

Felizmente que a ciencia nos últimos 30 anos nos veio mostrar, que embora não falem, nem andem...e a visão de quem está de fora seja por vezes muito celestial e serena....lá por dentro nada podia ser tão diferente....o cérebro dos bebés etc... sempre em fogo de artificio, de tanta explosão de neurónios e sinápses que está a acontecer...e tudo isto porque!....está desejoso e ávido de conhecer o mundo! em particular de o conhecer a SI!

A saber:


As primeiras semanas do terceiro trimestre de gravidez são um período de transição durante o qual o córtex cerebral começa a assumir muitas funções anteriormente realizadas pelo tronco cerebral mais primitivo. Por exemplo, reflexos tais como o respirar fetal e as respostas a estímulos externos tornam-se mais regulares. O córtex cerebral também é o responsável pela aprendizagem precoce, que inicia o seu desenvolvimento por volta desta altura.
As habilidades notáveis ​​que os Bebés recém-nascidos evidenciam, vêm confirmar o grau de desenvolvimento pré-natal do cérebro. Os Recém-nascidos reconhecem rostos humanos, e que os preferem a outros objetos, e que podem até mesmo distinguir entre expressões felizes e tristes. Ao nascer, um Bebé reconhece a voz da mãe e pode ser capaz de reconhecer os sons das histórias que ela lhe contava, enquanto ele ainda estava no útero...

Por volta dos três meses, o poder de reconhecimento de um bebé já melhorou drasticamente, o que coincide com um crescimento significativo do hipocampo, a estrutura límbica relacionada com a memória de reconhecimento. Os circuitos da linguagem nos lobos frontais e temporais consolidam-se no primeiro ano, fortemente influenciados pelo tipo e riqueza de linguagem a que o bebé nesta fase é exposto.
O cérebro continua a desenvolver-se a um ritmo impressionante durante todo o primeiro ano de vida. Os cerebelo triplica de tamanho, o que parece estar relacionado com o rápido desenvolvimento das habilidades motoras que ocorre durante este período.
No primeiro ano de vida, esse desenvolvimento é mais rápido, mais extenso e por consequência muito mais vulnerável às influências ambientais do que alguma vez pudemos suspeitar. Sabemos que o ambiente pode afetar não só o número de células cerebrais e o número de conexões entre elas, mas também a forma como essas conexões são efetuadas.
            Desde a conceção e até aos três anos de idade, o cérebro de um Bebé sofre uma quantidade impressionante de alterações. Ao nascer, o cérebro de um Bebé, tem mais ou menos a totalidade de neurónios que no futuro irá ter. O seu tamanho passa para o dobro no primeiro ano, e aos três anos de idade irá atingir cerca de 80 por cento do seu volume quando for adulto.
Para além disto, e se calhar ainda mais relevante, é a velocidade com que as sinapses entre neurónios se formam, que atinge a sua velocidade máxima durante estes anos. Na verdade, o cérebro forma muitas mais sinapses do que aquelas que efetivamente necessita: por volta dos dois, três anos de vida, o cérebro tem até duas vezes mais sinapses do que irá ter na idade adulta. Estas conexões excedentes são eliminadas gradualmente ao longo da infância e adolescência, por um processo chamado poda.
O facto de o cérebro criar mais sinapses do que aquelas que necessita tem resposta na interacção de factores genéticos e ambientais no desenvolvimento cerebral. Este excesso de sinapses produzidas pelo cérebro de um Bebé nos três primeiros anos faz com que o cérebro nesta fase seja especialmente sensível aos estímulos externos .
Os estádios iniciais de desenvolvimento são fortemente influenciados por fatores genéticos, por exemplo, são os genes que determinam os locais para onde os neurónios recém-formados vão migrar, e têm também um importante papel na determinação da forma como eles irão interagir entre si.Mas, embora os genes sejam responsáveis pela organização geral do cérebro, pelas suas fundações, eles não são os responsáveis por todo o seus design, por toda a sua construção.Na realidade os genes permitem que o cérebro se sintonize com o seu meio-ambiente, e que ajuste a sua construção, dependendo dos inputs que receber através dos seus sentidos. É essa entrada que estimula a atividade neural.
O uso repetido reforça uma sinapse. Sinapses que raramente forem usadas ​​continuam fracas e são mais propensas a serem eliminadas pelo processo de poda. A força das sinapses contribuem para a melhor conectividade e eficiência das redes neuronais que suportam a aprendizagem, a memória e outras habilidades cognitivas.
Ou seja, as experiências a que um Bebé está sujeito, não só determinam  o tipo de inputs/informações que o seu cérebro recebe, mas também influenciam a forma como o cérebro se vai arquitetando.